As alterações que acontecem no cérebro de pessoas com transtorno bipolar
Transtorno bipolar é um termo coletivo para uma série de condições de saúde mental caracterizadas por episódios de depressão, mania e/ou hipomania

Transtorno bipolar é um termo coletivo para uma série de condições de saúde mental caracterizadas por episódios de depressão, mania e/ou hipomania, incluindo transtorno bipolar I (o mais grave), transtorno bipolar II e transtorno ciclotímico. De acordo com Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), existem aproximadamente 8 milhões de pessoas com a doença no Brasil.
O transtorno bipolar é uma doença mental séria que se apresenta em pacientes com reatividade de humor, aumento da impulsividade, comprometimento da tomada de decisões, aumento de comportamentos de risco que podem resultar em consequências dolorosas, sintomas depressivos significativos e aumento da tendência suicida.
Então, como o transtorno bipolar leva a esses sintomas e comportamentos? Vamos dar uma olhada mais de perto em como essa condição complexa afeta o cérebro e impacta seu humor.
O que acontece com o cérebro no transtorno bipolar?
Cientistas estudaram extensivamente como o transtorno bipolar afeta o cérebro e agora têm uma boa noção de como essas mudanças ocorrem.
Desequilíbrio de neurotransmissores
Acredita-se que o transtorno bipolar esteja enraizado em desequilíbrios no cérebro de mensageiros químicos conhecidos como neurotransmissores, que enviam sinais entre uma célula nervosa e outra. Acredita-se que um desequilíbrio de neurotransmissores — como serotonina, glutamato, norepinefrina e dopamina — pode causar os sintomas que observamos, incluindo desregulação do humor.
Inflamação no cérebro
Pesquisas sugerem que a inflamação cerebral pode desempenhar um papel no transtorno bipolar ao interromper os principais sistemas neurotransmissores. Um desses sistemas é a rede GABA (ácido gama-aminobutírico), que ajuda a regular o humor, o estresse e o sono. O sistema GABA é significativamente reduzido em pessoas com transtorno bipolar.
A inflamação pode suprimir a atividade do GABA aumentando os níveis de proteínas pró-inflamatórias, como citocinas. Essas proteínas interferem na capacidade do cérebro de produzir e usar o GABA de forma eficaz, levando ao aumento da excitabilidade cerebral. Como o GABA atua como um agente calmante natural do cérebro, um sistema GABA enfraquecido torna mais difícil regular as emoções, contribuindo para oscilações de humor e instabilidade.
Além dos desequilíbrios de GABA, a inflamação também pode interromper outros neurotransmissores, desencadeando ainda mais os altos e baixos emocionais característicos do transtorno bipolar. Quando os principais produtos químicos cerebrais e proteínas inflamatórias estão desequilibrados, eles criam um ciclo que impacta a estabilidade mental, a resposta ao estresse e o bem-estar geral.
Mudanças estruturais no cérebro
Alguns especialistas acreditam que há diferenças estruturais de tamanho nos cérebros de pessoas que vivem com transtorno bipolar em comparação com aquelas que não têm a condição. Um estudo publicado na Molecular Psychiatry usou exames de ressonância magnética para estudar os cérebros, especificamente o hipocampo, de pessoas que vivem com transtorno bipolar.
O hipocampo é uma parte do cérebro que ajuda a controlar as emoções, o estresse e a memória. Em pessoas com transtorno bipolar, foi notado que o hipocampo pode ser menor do que naquelas sem transtornos de humor.
Outra mudança importante que os pesquisadores observaram nos cérebros de algumas pessoas com transtorno bipolar é o aumento da amígdala. A amígdala está envolvida com a percepção do medo e pode ser hiperativa em indivíduos com transtorno bipolar, resultando em aumento do medo e desregulação emocional.
Como é o tratamento do transtorno bipolar?
O tratamento do transtorno bipolar combina medicamentos, terapia e ajustes no estilo de vida. Os estabilizadores de humor, como lítio e valproato, são os mais usados para controlar episódios maníacos e depressivos. Antipsicóticos e antidepressivos também podem ser prescritos conforme necessário.
A psicoterapia, incluindo terapia cognitivo-comportamental (TCC), ajuda a lidar com gatilhos e padrões de pensamento. Manter uma rotina equilibrada, evitar substâncias como álcool e drogas, e praticar exercícios físicos são essenciais. Em casos graves, a hospitalização pode ser necessária. O acompanhamento psiquiátrico contínuo é fundamental para o controle da condição.
História de Silvia Melo
www.msn.com
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